sexta-feira, 24 de junho de 2016

ÉTICA, JOVENS, ETC.



O povo brasileiro assiste atônito, à série de desmandos e acordos políticos destinados, de um lado, a preservar o mandato da atual presidente da República e, por outro, destituí-la do poder.
As estruturas dos poderes, Legislativo e Executivo nunca foram tão abaladas como nos últimos anos, dada a incrível e lúdica sequência de escândalos que devastaram o resíduo confiança que havia em alguns setores da política.
Máscaras caíram; o partido do governo, outrora baluarte da decência e da moralidade na administração pública, após alguns anos no poder, mostrou a podridão que permeava suas entranhas, com vários de seus nomes ilustres sendo protagonistas dos mais tristes episódios de maltrato à coisa pública já vistos nos país.
Se no aspecto político o país chafurda na lama, com poucas esperanças, a economia reflete claramente o descaminho em que nos encontramos, sem que ninguém saiba o que fazer e, mesmo sabendo, sem ter credibilidade suficiente para mobilizar setores da sociedade para auxiliar em um projeto de recuperação nacional.
Credibilidade: essa é a palavra-chave. Podemos perder tudo, como já disse um ex-presidente da República, menos a credibilidade. E foi justamente isso que aconteceu com o governo brasileiro.
Nesse cenário de incertezas e de vergonha interna e externa, como ficam nossos jovens?
Que tipo de cidadão nossa sociedade formará, se não ficar evidente a repulsa por toda a bandalheira que assola a nação?
Que tipo de ética será transmitido aos mais novos, se as ações atuais não convergirem para a aplicação plena da Lei, visando o ideário da Justiça, sem tergiversações?
O negócio é pagar para ver, isso o brasileiro já está bem acostumado. Pagamos caro por serviços que deveriam ser oferecidos, mas nos são negados por pura incompetência dos nossos dirigentes.
Não basta dizer que os jovens são a esperança do amanhã; isso é totalmente superado. Os jovens necessitam ver, nos adultos de agora, algo que os inspire a crer que vale a pena ser honesto, trabalhador e estudioso, o que é muito difícil em um país que valoriza mais os profissionais do chamado “show business” do que um médico que estuda sete anos ou mais para salvar vidas.
Como vários dizem e poucos praticam: “as palavras inspiram; já os exemplos, estes arrastam”.
O jeito é esperar que possamos mudar o nosso comportamento, no sentido de gerar um legado para os que vão nos suceder no futuro.

Paulo Edgar Melo
Publicado no Jornal Renascer – 2ª quinzena – abril/2016  

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