O povo brasileiro
assiste atônito, à série de desmandos e acordos políticos destinados, de um
lado, a preservar o mandato da atual presidente da República e, por outro,
destituí-la do poder.
As estruturas dos
poderes, Legislativo e Executivo nunca foram tão abaladas como nos últimos
anos, dada a incrível e lúdica sequência de escândalos que devastaram o resíduo
confiança que havia em alguns setores da política.
Máscaras caíram; o
partido do governo, outrora baluarte da decência e da moralidade na
administração pública, após alguns anos no poder, mostrou a podridão que
permeava suas entranhas, com vários de seus nomes ilustres sendo protagonistas
dos mais tristes episódios de maltrato à coisa pública já vistos nos país.
Se no aspecto
político o país chafurda na lama, com poucas esperanças, a economia reflete
claramente o descaminho em que nos encontramos, sem que ninguém saiba o que
fazer e, mesmo sabendo, sem ter credibilidade suficiente para mobilizar setores
da sociedade para auxiliar em um projeto de recuperação nacional.
Credibilidade: essa
é a palavra-chave. Podemos perder tudo, como já disse um ex-presidente da
República, menos a credibilidade. E foi justamente isso que aconteceu com o
governo brasileiro.
Nesse cenário de
incertezas e de vergonha interna e externa, como ficam nossos jovens?
Que tipo de cidadão
nossa sociedade formará, se não ficar evidente a repulsa por toda a bandalheira
que assola a nação?
Que tipo de ética
será transmitido aos mais novos, se as ações atuais não convergirem para a
aplicação plena da Lei, visando o ideário da Justiça, sem tergiversações?
O negócio é pagar para ver, isso o brasileiro já está bem
acostumado. Pagamos caro por serviços que deveriam ser oferecidos, mas nos são
negados por pura incompetência dos nossos dirigentes.
Não basta dizer que os jovens são a esperança do amanhã; isso é
totalmente superado. Os jovens necessitam ver, nos adultos de agora, algo que
os inspire a crer que vale a pena ser honesto, trabalhador e estudioso, o que é
muito difícil em um país que valoriza mais os profissionais do chamado “show
business” do que um médico que estuda sete anos ou mais para salvar vidas.
Como vários dizem e poucos praticam: “as palavras inspiram; já
os exemplos, estes arrastam”.
O jeito é esperar que possamos mudar o nosso comportamento, no
sentido de gerar um legado para os que vão nos suceder no futuro.
Paulo Edgar Melo
Paulo Edgar Melo
Publicado no Jornal Renascer – 2ª quinzena – abril/2016
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