domingo, 6 de outubro de 2019

SE EU PARTIR...



Às vezes perante circunstâncias, ocasiões, pessoas, fica a pergunta que me sai dos lábios, quase sem querer...

E se eu partisse agora, já, sem aviso prévio, assim de repente?

Será que lembrariam a ultima palavra que me disseram?

E os sentimentos, quais seriam?

Aqueles meio ácidos com que me eram questionadas verdades?

Ou os de decepção por eu afinal ter que ser diferente?

Ou aqueles que encerram perguntas às quais não sei responder?

Ou aqueles que encerram palavras e frases que eu preferia jamais ter de ouvir?

Se eu partisse agora, no meio da noite, silenciosamente, sem alarde?

Quais seriam as palavras que não me disseram?

Quais aquelas que jamais estaria aqui para escutar ficariam por dizer, as leves que me faziam rir, ou as tristes que me faziam chorar?

E se eu pudesse avisar da minha partida?

Que palavras teria?

De Saudade? De dor? De raiva?

Alguém me diria um ultimo segredo?

Alguém me contaria baixinho os seus medos?

Ou Alguém me diria um suave Adeus, de triste melancolia?

E se eu partisse agora? Sem querer, sem me dar conta?

Quem de vós sentiria de mim saudade?

Quem me perdoaria por tudo o que eu fiz e por tudo que eu devia ter feito e ainda não foi hora?

Quem de vós me prometeria não chorar?

Quando eu partir, agora, já, logo, amanhã, daqui a dias, meses ou anos, eu quero que todos se lembrem de mim assim.

Que eu deixe a todos a curiosidade certa que procura sem invadir.

O meu sorriso infantil, que demonstra a minha recusa em crescer.

E as minhas palavras a vós todos, tantas... milhões de palavras.

Guardem a minha lembrança, exatamente da forma que vos mostrei ser,
sem medo e sem medida.

E se assim for, se eu for capaz de deixar a cada um de vós.

O melhor que carrego em mim.

Eu saberei que então, já vivi o suficiente.

Quando eu partir, quero ter a certeza que aquilo que eu fui capaz de ser com toda a entrega e dedicação, foi o bastante para as pessoas que me amaram e que eu amei.

E essa será a minha recompensa.

A certeza feita prova viva.

De que não passei por cá, em vão...



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