quinta-feira, 30 de novembro de 2023

OS MEUS INIMIGOS


 

Cada um de nós, fugirá, suportará, amará ou enfrentará a sua solidão na proporção exata da sua liberdade, independência, conhecimento, amor-próprio, autossuficiência e personalidade.

É na solidão que todo o ignorante sente a sua mediocridade e incapacidade de autonomamente gerir as suas necessidades mentais e espirituais, tendo de recorrer a terceiros que o guiem pela vida como se fossem cegos.

É também na solidão que os pensadores revelam toda a sua grandeza mental, perdendo-se dentro de si mesmos na meditação refletiva sobre a sua filosofia de vida.

Cada um de nós, mais tarde ou mais cedo acaba por constatar e assumir os seus coeficientes de inteligência ou idiotice, em relação a qualidade dos seus neurónios a qual é refletida nas boas ou más decisões que tomamos na vida.

Ninguém tem o poder para marcar, definir ou programar o nosso destino ou a data da nossa morte a não ser o tempo. Somos sempre nós que escrevemos a nossa biografia, sendo o destino o reflexo de uma coleção das nossas escolhas.

A sua vida será tão boa interessante e extraordinariamente bela como se tratasse de pintura ou escultura, dependendo apenas se você tem a capacidade e qualidade artística para fazer dela uma obra de arte ou um aborto da natureza sem valor ou interesse.

Muitas vezes pergunto a mim mesmo se serei capaz de identificar os meus inimigos, e depois de alguns minutos para os listar, eu sei que em primeiro lugar estou eu mesmo, seguido da minha ignorância, impaciência, intolerância, irascibilidade, arrogância, os meus apegos, hábitos, vícios, verdades e mentiras, esses são os meus inimigos.

Tudo aquilo que consome a nossa mente, controla a nossa vida, liberte-se de pensamentos inúteis, trivialidades e crenças que apenas conduzem a becos sem saída.

Os valores e verdades fundamentais onde alicerçamos as estruturas das nossas vidas, têm de ser definidos e encontrados por nós próprios, e nunca por doutrinação ideológica de terceiros.

O verdadeiro idiota e ignorante, autossustenta-se apenas com o seu débil e fraco conhecimento sentindo-se perfeitamente inchado de sabedoria e realizado na sua mediocridade.

Acreditar ou renegar de forma inteligente e cerebralmente consciente são sempre decisões respeitáveis. Excetuando as verdades cientificamente evidenciadas e provadas, todas as outras impostas pela fé ou crença são o resultado de opções individuais, as quais podem ser aceitas ou negadas sem que ninguém tenha o direito de se ofender.

Tudo aquilo que pode ser afirmado como verdade sem evidências e provas, pode também igualmente ser negado. Nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância cândida e sincera aliada a uma estupidez conscienciosa e cúmplice na propagação de inverdades.

Nunca tive grandes afinidades com pessoas de mentes rasas e estreitas, sem um pequeno balsamo da loucura ou excentricidade, veneno, humor negro, ironia, bondade e com alguma perversa maldade.

A grande maioria da humanidade nada no oceano da ignorância agarrados a boias de salvação doutrinarias de mitos e lendas com receio de se afogarem na profundidade das verdades do conhecimento as quais destruam as suas ilusões.

A minha vida pessoal desde que nasci foi feita a completar os vazios da minha mente tentando enriquecê-la com conhecimento e sabedoria, mesmo assim, morrerei sem ter preenchido a maior parte dela, pois tudo aquilo que sei reduz-se apenas uma gota de água em comparação com o tamanho do oceano.

As viagens mais maravilhosas que fiz na vida não foram ao centro da terra, a volta do mundo ou aos confins paradisíacos do universo, mas sim às profundezas viscerais de mim mesmo.

A dor, o insucesso e a derrota apenas têm duas formas de se manifestar ou te destroem pela tua fraqueza, ou te deixa mais forte pela incapacidade de te derrubar. Sempre dispensei elogios em detrimento dos aplausos da minha consciência.

As maiores tiranias despóticas, torturas, massacres, genocídios e crimes cometidos ao logo da História da Humanidade, foram sempre feitos em nome de causas pretensamente nobres, justas, ideológicas, religiosas, politicamente expansionistas e por supremacias raciais.

Metafórica e alegoricamente pensando, acho que me posso comparar a uma borboleta pelas longas e silenciosas metamorfoses que passei ao longo da vida.

O homem comum medíocre, conformista, doutrinado, amestrado, obediente e formatado, não tem capacidade intelectual para debater sobre os grandes e graves problemas que afetam a humanidade, pois não tem ecletismo suficiente para o fazer. São seres humanos que vivem socialmente amparado na autoridade e dependentes do conhecimento de terceiros comportando-se como ovelhas no rebanho.

É essa inercia intelectual que caracteriza o homem comum e medíocre. Nunca atinja o estágio deplorável de ter de concluir tarde demais na sua vida, que idiótica e futilmente acreditou com fé e devoção em falsidades.

Quando isso acontece e nos consciencializamos de que fomos burlados a viver na mentira, é como acordar de um pesadelo com suores frios envergonhados da nossa ingenuidade em termos apenas existido cerebralmente mortos.

O passado é lugar para criarmos memórias e não raízes, viaje pouco pelo passado, invista no presente e nem sequer pense no futuro pois não sabe se quando lá chegar, estará vivo para o gozar. E para terminar em estilo sem usar nenhum cliché, aqui vos deixo o meu pensamento final.

Nunca haverá uma versão final de mim perfeita. Viverei até morrer a fazer ajustamentos, substituições, preencher vazios, apertar e alargar porcas e parafusos, substituindo mentiras por verdades, e todo esse trabalho de aperfeiçoamento e enriquecimento mesmo assim me fará morrer incompleto e inacabado.

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