quarta-feira, 8 de julho de 2020

PESQUISA TRAZ PROGRESSO




Em 1990 exercia o cargo de Chefe de Departamento de Economia do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos e era professor de Economia Internacional do quinto ano da turma de Ciências Econômicas.

Aproveitando a minha experiência em pesquisa, adquirida no IBGE, apresentei um projeto a direção da instituição, com objetivo de traçar o perfil do consumidor do bairro de Campo Grande.

Na justificativa do projeto detalhei fatos que vinham sendo observados sobre a população, e, sobretudo, a constatação do deslocamento, dessa mesma população, para a compra em outros locais, principalmente na Barra da Tijuca.

Projeto aprovado convoquei meus alunos para que a pesquisa fosse realizada.

Missão dada, missão cumprida.

Os resultados da pesquisa foram animadores! Com a divulgação desses dados nos jornais locais o grau de interesse atraiu, em primeiro lugar, o jornal O Globo, dei a primeira entrevista que foi publicada, no jornal de bairros em 19 de agosto de 1990.

A segunda entrevista, de grande porte, foi realizada e foi divulgada pelo Jornal do Brasil em 03 de setembro de 1990.

Campo Grande até a divulgação desses resultados era considerado como área rural. De uma hora para outra, passou a atrair investimentos de empresas, que reconheceram o potencial econômico da população urbana do bairro.

Em poucos anos o primeiro grande Shopping Center foi inaugurado. Uma grande área próxima a Estrada do Monteiro foi adquirida. Hoje, no local está em funcionamento, um dos maiores Shopping Center da América Latina.

A pesquisa, que de início não tinha grandes ambições, deu o ponta pé inicial para o crescimento econômico do bairro.

Hoje Campo Grande é outro local, novas indústrias, comércio e serviços, estão por toda parte.

Acredito que ninguém se lembra mais da pesquisa que originou tudo. Eu sim fiz parte dela! 

Paulo Edgar Melo     
       

A MEDALHA




Eu sempre fui meio metido à besta, nunca gostei de engolir desaforos e respondia na mesma moeda.

Estava no quinto ano da escola primária, tinha uma mãe de aluna, que era filha do barbeiro do local, que adorava alardear os feitos da sua filha e humilhar as outras crianças.

Sempre fui estudioso, sempre fiz questão de ficar entre os primeiros alunos da sala. Porém, dessa vez, ela escolheu o cara errado para implicar.

Começou, para variar, a elogiar os méritos de sua filha. Chegou para minha mãe e disse que sua filha recebera da professora um livro com título “Coelhinha Esperta” e eu o “Bezerro Cabeçudo”, que a filha dela era a mais inteligente da sala, só tirava em primeiro lugar, etc.

Aquilo foi me dando uma raiva daquelas, a vontade que tive era de voar em cima da bruaca.

Respirei e falei, para espanto de minha mãe: “Dona Cuca, sua filha só tira em primeiro lugar porque não faço questão. Agora a senhora me provocou, esse mês que vai tirar o primeiro lugar serei eu”.

Na época existia uma medalha, itinerante, que era colocada naquele que ficasse em primeiro lugar.

Bom não deu outra coisa, era outubro e o primeiro lugar, com folga, foi meu.

Estava vingado! Porém ela não me passou a medalha e continuou a utilizá-la. Já estava para lá de satisfeito! Tinha um colega de nome Genaro, ele se levantou e questionou a professora sobre o fato.

O nome da professora era Rosaly, ela dirigiu-se a aluna mandando que ela me entregasse a medalha. Ela se levantou e jogou a medalha sobre a minha carteira (mesa).

Ai ocorreu à fase final da vingança, me levantei e disse que era para ela colocá-la no meu peito, pois tinha sido muito mal educada.

A professora concordou comigo, e ela aos prantos, teve que colocar a medalha no seu devido lugar.

No mês seguinte tirei o primeiro lugar novamente, a medalha era usada dentro do bolso da camisa do uniforme, no último dia de aula devolvi a medalha para a professora.

Calei a boca da dondoca!

Paulo Edgar Melo

MINHA FORMATURA



Tinha chegado ao último ano da faculdade. Comecei a notar que estava acontecendo  certo marasmo nos preparativos para esse grande evento.

Ninguém havia tomado a iniciativa para organizar a cerimônia.

Procurei o secretário geral da faculdade para saber o que estava acontecendo. Fui informado que ninguém o havia procurado e falado sobre o assunto.

Perguntei se poderia dar início ao processo e se podia contar com ele. Fui autorizado!

Uma reunião foi marcada com os representantes das três turmas; Economia, Contábeis e Administração. Além desses, um grande número de alunos participaram da mesma.A maioria dos alunos alegou não ter recursos para bancarem os gastos inerentes a uma formatura.

Fiz uma proposta, se todos se prontificassem a ajudar, poderíamos fazer tudo com mínimos gastos ou nenhum.

Então vamos arrumar um jeito de ganhar dinheiro!

Primeiro ato: Conseguimos, de graça, uma barraca no Luso Brasileiro Tênis Clube em Campo Grande, na Festa Junina “Luso City”.

Com um pouco de cada um, compramos carne e vinho, linguiça e carvão e fomos à luta.

Na época conseguimos apurar o correspondente, em dias atuais, a R$600,00. Era muito pouco!

Segundo ato: Então, tive uma ideia, que a primeira vista pareceu de jerico.

Convoquei a turma e disse: Vamos comprar uma moto para rifar! Como, se não tínhamos dinheiro? Foi a pergunta geral.

Mandaremos fazer carnês com 10 mil números, todos levarão as rifas para vender, não poderia ter devolução. Todos concordaram.

Então, fui a uma concessionária da Yamaha e comprei uma 125cc. Emiti três cheques, com vencimento para 15, 30 e 45 dias. Consegui que a moto fosse levada para o pátio da faculdade, com uma nota fiscal de demonstração.

Agora é com vocês! Vamos vender essas rifas o mais breve possível, tenho que ter o dinheiro para poder pagar a primeira parcela em 15 dias.

Começou a correria, felizmente nos 45 dias combinados a moto estava paga, o que entrasse, agora, era lucro, era o dinheiro para nossa formatura.

Começamos a negociar com os fornecedores, não fechamos com nenhuma empresa do ramo, sabíamos dos calotes que já haviam ocorridos no passado.

Fotos com uma, aluguel de becas com outra, convites, etc.

Colamos grau no antigo Cine Palácio de Campo Grande.

O dinheiro arrecadado foi o suficiente para cobrir todos os gastos e ainda para realização de um baile de formatura, com direito a orquestra.

No dia 30 de dezembro de 1983 o sonho se realizou.

Paulo Edgar Melo
    





segunda-feira, 6 de julho de 2020

PASSEIO DE BARCO




Passei grande parte da minha adolescência em uma praia chamada Coroa Grande que fica na Costa Verde do Rio de Janeiro.

Tínhamos uma casa nesse local onde passei a frequentar desde os 11 anos com o meu pai.

Consegui formar um grupo de amizades, jogava bola, me divertia muito.

Normalmente éramos quatro, sendo que um de nós era morador local.

Estávamos às vésperas de carnaval, chegamos numa sexta-feira e resolvemos dar um passeio de barco.

Esse barco era muito pequeno, normalmente feito para uma só pessoa e nos éramos quatro.

Meu pai viu quando o barco estava sendo tirado e perguntou onde nós pretendíamos chegar com ele. Até a ponte foi à resposta! Ele disse: vocês não vão chegar lá, esse barco está com excesso de peso, vão afundar. Mesmo assim vou esperar vocês lá!

Lá fomos nós, faltavam uns quatro dedos para a água entrar no barco, um teve a ideia de irmos até as cercadas de peixe, fomos. De lá tivemos a ideia de jerico de chegar até a Ilha de Itacuruçá.

Esquecemos totalmente do combinado com o meu pai!

Chegamos próximos a uma corrente forte, eu falei que não deveríamos avançar mais porque o barco não ia aguentar.

Felizmente tomamos a decisão certa!

Na volta paramos o barco e começamos a tomar banho.

De repente notamos uma canoa vindo em nossa direção a toda velocidade. Era o meu pai com um vizinho.

A canoa circulou o barco, meu pai perguntou se estava tudo bem, e soltou a bomba: 

Quando chegar em casa, arruma suas coisas que nós vamos embora.

Ferrou tudo, pensei! Lá se foi meu carnaval.

Mais do que depressa começamos a voltar.

Logo deu para observar a quantidade de pessoas que estavam a nossa espera. 

Vamos entrar na pancada, foi nosso comentário. O pai de um dos nossos consegui minorar os fatos com coisas do tipo “Nós também fomos jovens e fizemos nossas besteiras, felizmente eles estão bem, etc.”

Tudo foi contornado e aquele carnaval foi um dos melhores de minha vida.

Nota: A razão de toda essa confusão foi que meu pai cansou de esperar por nós na ponte. Voltando ao local de nossa partida, viu nosso barco muito afastado, não consegui ver os remos se mexendo, pensou que estávamos a deriva e mobilizou todo esse aparato. 

E tudo acabou bem!

Paulo Edgar Melo



TORNANDO-ME PROFESSOR



Terminei o curso de Economia em novembro de 1983, nas Faculdades Integradas Moacyr Sreder Bastos.

Não quis parar, no ano seguinte me matriculei no curso de pós-graduação nas Faculdades Integradas Simonsen. Já havia completado quatro módulos quando recebi um telefonema do secretário geral da faculdade onde havia me formado que ela estava promovendo um curso de pós- graduação para professores.

Foram, na época, disponibilizadas 40 vagas e só haviam sido preenchidas 36, e eu teria sido indicado para uma dessas vagas existentes.

Meu currículo era muito bom, segundo ele, tinha sido o quarto colocado no vestibular e o segundo no curso. Perguntou se estaria interessado.

Claro que aceitei, saí do curso da Simonsen e fiz a matricula no curso.

Em 1985 comecei, de uma hora para outra passei de ex-aluno a colega de turma de meus antigos professores. De início, confesso, fiquei um pouco intimidado. Mas com o decorrer do curso, foi estabelecido um grande coleguismo.

Como a maioria só estava a fim do diploma, coisa que não acontecia comigo, comecei a me destacar no grupo. Minhas notas eram muito boas e foi assim até o final do curso.

O curso terminou em junho de 1985. Em julho do mesmo ano fui chamado a faculdade. O professor de Economia Internacional fora chamado para exercer um cargo, no Ministério da Agricultura em Brasília. A cadeira estava vaga e se eu gostaria de ocupá-la. De imediato, aceitei!

E assim começou a minha carreira no magistério superior.

Comecei como auxiliar de ensino. No ano seguinte passei a professor assistente e a seguir professor titular. Tudo isso em um intervalo de dois anos.

Lecionei nas cadeiras de Economia Internacional, Custos, Formação Econômica do Brasil, Economia I e II, orientador de monografias dos cursos de Economia e Ciências Contábeis.

Fui Chefe do Departamento de Economia e Mercados de 1990 a 1999.

Durante o ano de 1993 exerci a função de Coordenador do Curso de Economia.

Durante o período em que estive prestando serviços a instituição, fui membro da Comissão Permanente de Avaliação Institucional, do Conselho Superior de Pesquisa e Extensão e do Conselho Superior Universitário.

Em 1999 minhas atividades foram encerradas, problemas com um grupo antagônico levaram a minha saída.

Mergulhei a fundo nas minhas funções durante o período em que lá estive. Coordenei o grupo vencedor no Brasil no Projeto Desafio da Bolsa Universitário. Coloquei a Faculdade na mídia com o Projeto do Cálculo do Custo de Vida de Campo Grande, entre outros.

Infelizmente isso incomodava os incompetentes.  

Paulo Edgar Melo 
  


CONFLITO GENERALIZADO




Era carnaval, ainda era muito jovem.

Estava em casa, no conforto do lar quando um grupo de colegas me chamou. Era um convite para sair de bate bola, coisa que nunca tinha feito antes.

Aleguei que não tinha roupa, mascara etc. Disseram que não tinha nenhum problema e que haviam arrumado tudo para mim.

O grupo era formado por cinco membros e eu fui o sexto.

Na época frequentava a Rua Amaral Costa em Campo Grande onde tínhamos vários colegas.

Dessa rua saía, todos os anos, um grupo de mais de cem componentes. Era respeitado e temido por todos. Só que nesse ano, não sei por que cargas d’ água, eles não saíram.

E lá fomos os seis patetas, pelas ruas do bairro.

 Encontramos com um amigo nosso que havia sido espancado por um grupo de bate bolas. Resolvemos vingá-lo.

Encontramos com esse grupo e aplicamos nele umas boas bexigadas.

Ficamos todos contentes e nos dirigimos para a Rua Amaral Costa. Estávamos todos animados, quando a parte mais alta da rua ficou toda colorida. Era um grande bando de bate bolas que vinham em nossa direção.

Fomos cercados, começaram uns empurrões, ameaças, etc. Felizmente, por enquanto, ficou nisso. Eles foram embora.

Voltamos a nossa tranquilidade e as brincadeiras costumeiras. Quando de repente, o grupo voltou. Dessa vez se dividiram em dois grupos, e nos cercaram dos dois lados.

Ficamos encurralados contra um murro, havíamos nos armados com o que estavam disponíveis paus e pedras. Um colega que morava na rua saiu para nos defender. O pau comeu para valer. Batemos muito, em contrapartida também apanhamos.

Nesse momento a briga estava se generalizando, vários moradores da rua surgiram em nossa defesa. O tumulto foi geral.

Uma senhora que estava passando pelo local, se escandalizou com a confusão e gritou uma frase mágica. ”Vou chamar a polícia!”. Um milagre aconteceu, a briga parou na hora. A turma se retirou, alguns estavam machucados e nós também. 

Nossos corpos estavam muito doídos, mas tudo terminou bem.

Não preciso dizer que foi a primeira e a última vez que usei essa fantasia.
  
Paulo Edgar Melo


ENTÃO É NATAL




Se existe uma data que sempre gostei foi do Natal.

Quando era criança essa data era comemorada na casa de meus avós maternos. Eles eram portugueses, tinha muita comida e o tradicional bacalhau.

A família se reunia, era uma festa, embora sempre houvesse uma tradicional confusão, bate bocas, entre outros impropérios, mas tudo terminava bem.

Com a morte dos meus avós essa tradição terminou.

Sempre pedia para minha mãe fazer uma ceia para comemorar essa data, o que sempre era negado. A resposta era sempre a mesma, com a morte dos meus pais, acabou a graça, não tenho mais vontade de fazer.

Acostumei-me a passar essa data longe de casa, ou era na casa de algum colega que me convidava, ou caminhando pelas ruas. Lá pela uma hora da manhã, retornava para minha casa.

Minha irmã tinha arrumado um namorado, era um cara muito metido a besta, meu anjo da guarda nunca se acertou muito com o dele.

Notei um movimento muito estranho para a véspera de Natal. Procurei saber o que estava acontecendo com minha. A resposta me deixou perplexo: Seria o primeiro Natal que minha irmã passaria com o namorado dela em nossa casa, e por isso seria feita uma ceia.

Fiquei muito revoltado, pois todo ano pedia que fosse feita, e nunca meu pedido foi atendido. Minha mãe disse que contava comigo. Minha resposta foi curta e grossa. Nem que a vaca tussa vou estar presente. Minha mãe disse que eles poderiam ficar chateados com minha decisão, que se lasquem respondi.

Sai de casa por volta das 19 horas, visitei alguns colegas para desejar um Feliz Natal. Como não tinha para onde ir, comecei a caminhar. Subia pela Coronel Agostinho e descia pela Augusto Vasconcelos. Vi as pessoas entrarem na igreja para assistir a Missa do Galo e as vi saindo quando a missa terminou.

Resolvi voltar para a minha casa, imaginava que tudo já estivesse terminado. Quando cheguei, a casa estava toda apagada e eu estava morto de fome. Em total silêncio, fui até a mesa para beliscar alguma coisa. Descobri a mesa que estava coberta por uma toalha e verifiquei que tudo estava intocado.

Comecei a comer alguns bolinhos de bacalhau quando minha mãe acordou. Perguntei o que tinha havido. Ele é ateu, foi a resposta, não quis tocar em nada.

Bem feito, respondi vocês podem fazer quantas ceias quiserem, eu nunca mais passarei com vocês a meia noite no dia Natal.

O paspalhão, que era peruano, acabou por mostrar quem realmente era. Fazia medicina, ficou noivo de minha irmã, se formou, pegou dinheiro emprestado com meu pai e um tio para montar um consultório em São Paulo, foi para lá e nunca mais voltou.

Minha irmã acabou se casando com um cara muito legal, adorava o Natal e todo ano fazia uma festa. Passei a participar, porém, quando o relógio marcava 23 horas, me retirava.

Minha palavra continuava mantida.

Atualmente, eu e minha esposa mantemos a tradição, mesmo que só estejamos os dois, nossa ceia é sempre realizada.

Paulo Edgar Melo
 



FALANDO SOBRE MIGUEL PEREIRA-RJ

  A análise que vou fazer a seguir é fruto de minhas observações, nesses quase 24 anos que adquirimos nossa casa na cidade. Quando por aqu...