quarta-feira, 8 de julho de 2020

A MEDALHA




Eu sempre fui meio metido à besta, nunca gostei de engolir desaforos e respondia na mesma moeda.

Estava no quinto ano da escola primária, tinha uma mãe de aluna, que era filha do barbeiro do local, que adorava alardear os feitos da sua filha e humilhar as outras crianças.

Sempre fui estudioso, sempre fiz questão de ficar entre os primeiros alunos da sala. Porém, dessa vez, ela escolheu o cara errado para implicar.

Começou, para variar, a elogiar os méritos de sua filha. Chegou para minha mãe e disse que sua filha recebera da professora um livro com título “Coelhinha Esperta” e eu o “Bezerro Cabeçudo”, que a filha dela era a mais inteligente da sala, só tirava em primeiro lugar, etc.

Aquilo foi me dando uma raiva daquelas, a vontade que tive era de voar em cima da bruaca.

Respirei e falei, para espanto de minha mãe: “Dona Cuca, sua filha só tira em primeiro lugar porque não faço questão. Agora a senhora me provocou, esse mês que vai tirar o primeiro lugar serei eu”.

Na época existia uma medalha, itinerante, que era colocada naquele que ficasse em primeiro lugar.

Bom não deu outra coisa, era outubro e o primeiro lugar, com folga, foi meu.

Estava vingado! Porém ela não me passou a medalha e continuou a utilizá-la. Já estava para lá de satisfeito! Tinha um colega de nome Genaro, ele se levantou e questionou a professora sobre o fato.

O nome da professora era Rosaly, ela dirigiu-se a aluna mandando que ela me entregasse a medalha. Ela se levantou e jogou a medalha sobre a minha carteira (mesa).

Ai ocorreu à fase final da vingança, me levantei e disse que era para ela colocá-la no meu peito, pois tinha sido muito mal educada.

A professora concordou comigo, e ela aos prantos, teve que colocar a medalha no seu devido lugar.

No mês seguinte tirei o primeiro lugar novamente, a medalha era usada dentro do bolso da camisa do uniforme, no último dia de aula devolvi a medalha para a professora.

Calei a boca da dondoca!

Paulo Edgar Melo

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