quarta-feira, 8 de julho de 2020

MINHA FORMATURA



Tinha chegado ao último ano da faculdade. Comecei a notar que estava acontecendo  certo marasmo nos preparativos para esse grande evento.

Ninguém havia tomado a iniciativa para organizar a cerimônia.

Procurei o secretário geral da faculdade para saber o que estava acontecendo. Fui informado que ninguém o havia procurado e falado sobre o assunto.

Perguntei se poderia dar início ao processo e se podia contar com ele. Fui autorizado!

Uma reunião foi marcada com os representantes das três turmas; Economia, Contábeis e Administração. Além desses, um grande número de alunos participaram da mesma.A maioria dos alunos alegou não ter recursos para bancarem os gastos inerentes a uma formatura.

Fiz uma proposta, se todos se prontificassem a ajudar, poderíamos fazer tudo com mínimos gastos ou nenhum.

Então vamos arrumar um jeito de ganhar dinheiro!

Primeiro ato: Conseguimos, de graça, uma barraca no Luso Brasileiro Tênis Clube em Campo Grande, na Festa Junina “Luso City”.

Com um pouco de cada um, compramos carne e vinho, linguiça e carvão e fomos à luta.

Na época conseguimos apurar o correspondente, em dias atuais, a R$600,00. Era muito pouco!

Segundo ato: Então, tive uma ideia, que a primeira vista pareceu de jerico.

Convoquei a turma e disse: Vamos comprar uma moto para rifar! Como, se não tínhamos dinheiro? Foi a pergunta geral.

Mandaremos fazer carnês com 10 mil números, todos levarão as rifas para vender, não poderia ter devolução. Todos concordaram.

Então, fui a uma concessionária da Yamaha e comprei uma 125cc. Emiti três cheques, com vencimento para 15, 30 e 45 dias. Consegui que a moto fosse levada para o pátio da faculdade, com uma nota fiscal de demonstração.

Agora é com vocês! Vamos vender essas rifas o mais breve possível, tenho que ter o dinheiro para poder pagar a primeira parcela em 15 dias.

Começou a correria, felizmente nos 45 dias combinados a moto estava paga, o que entrasse, agora, era lucro, era o dinheiro para nossa formatura.

Começamos a negociar com os fornecedores, não fechamos com nenhuma empresa do ramo, sabíamos dos calotes que já haviam ocorridos no passado.

Fotos com uma, aluguel de becas com outra, convites, etc.

Colamos grau no antigo Cine Palácio de Campo Grande.

O dinheiro arrecadado foi o suficiente para cobrir todos os gastos e ainda para realização de um baile de formatura, com direito a orquestra.

No dia 30 de dezembro de 1983 o sonho se realizou.

Paulo Edgar Melo
    





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